Josep Pla | O Caderno Cinzento
"O homem poderia ser sincero se fosse sempre igual a si próprio: enquanto for em público - falo de um homem normal - tão diferente de como é ao encontrar-se consigo mesmo, enquanto não houver entre estes dois seres que levamos dentro uma solução de continuidade, visível e permanente, a expressão da sinceridade é impossível."
"Nós vimos dos livros. Nós lemos e continuamos a ler livros. Os livros deram-nos a esperança de alguma coisa. Os livros sugeriram-nos a esperança de alguma coisa. Esperámos anos e anos que alguma coisa acontecesse. O que aconteceu? Absolutamente nada. Nada. Isso levou-nos a supor que os livros dizem uma coisa e que a vida diz outra muito diferente. Os livros dizem-nos que o mundo, os homens, as mulheres, são feitos de uma maneira. A vida diz-nos que o mundo, os homens, as mulheres, são feitos de uma maneira distinta. Os livros dizem-nos que existe o amor, a glória, a bondade, a grandeza. A vida diz-nos que não há nada. De que falam os poetas? Que sentido tem o que dizem os poetas? Porque falam desta maneira? Quem os faz falar assim?"
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