Josep Pla | O Caderno Cinzento



"O homem poderia ser sincero se fosse sempre igual a si próprio: enquanto for em público - falo de um homem normal - tão diferente de como é ao encontrar-se consigo mesmo, enquanto não houver entre estes dois seres que levamos dentro uma solução de continuidade, visível e permanente, a expressão da sinceridade é impossível."

"Nós vimos dos livros. Nós lemos e continuamos a ler livros. Os livros deram-nos a esperança de alguma coisa. Os livros sugeriram-nos a esperança de alguma coisa. Esperámos anos e anos que alguma coisa acontecesse. O que aconteceu? Absolutamente nada. Nada. Isso levou-nos a supor que os livros dizem uma coisa e que a vida diz outra muito diferente. Os livros dizem-nos que o mundo, os homens, as mulheres, são feitos de uma maneira. A vida diz-nos que o mundo, os homens, as mulheres, são feitos de uma maneira distinta. Os livros dizem-nos que existe o amor, a glória, a bondade, a grandeza. A vida diz-nos que não há nada. De que falam os poetas? Que sentido tem o que dizem os poetas? Porque falam desta maneira? Quem os faz falar assim?"

Comentários

fallorca disse…
Agora imagina a «integral» ;)
imo disse…
Pois... Só me dei conta que era "uma escolha" quando cheguei a casa. Mas, enfim, já não é mau :)
fallorca disse…
Pelo contrário. Há um título, «Tres histórias de la mar», também compilado, que passavas-te :P
imo disse…
Imagino que sim... Recordo-me de ter lido algures (talvez nas minhas preciosas "vila-matianices") uma referência a esse título. Quiçá as editoras permitam acesso! ;)