Laura Grimaldi | Monsieur Bovary



"E quando o pobre Charles regressava, muitas vezes por volta da meia-noite, com os ossos doridos e os olhos a fecharem-se de cansaço, obrigava-o a ouvir os versos melosos que decorava ao longo do seu dia inactivo, ou alguma arieta melancólica que cantarolava por entre suspiros. E se por acaso se apercebia do cansaço dele, a sua voz tornava-se cortante e capaz de pronunciar palavras que contradiziam brutalmente a languidez que fingia.
E assim passava de frases como: «Vem amor, que a minha alma te deseja e escrava tua serei se me quiseres...», para outras como: «Será possível que estejas sempre cansado? Pareces um rocinante estafado. Ou melhor, um macho, porque até o rocinante é um animal demasiado nobre comparado contigo."

Nota: Não ler este livro antes de ler o de Flaubert.

Comentários

imo disse…
E a Madame Bovery nunca mais será a mesma :)
rosa disse…
Vou ter que começar mesmo pela Madame, porque não tenho este.
imo disse…
Começa, sim. Já me arrependi (e muito) de não ter pegado em Flaubert primeiro :)
Miguel Rosas disse…
Olá Boa Tarde acabei ontem de ler... Fiquei desiludido com o final Homosexual...porquê está na moda? Não Poderia ficar com a filha apenas ou encontrar uma mulher decente? Ou todas as mulheres são "Madame's"?
imo disse…
Poderia, caríssimo, como qualquer outra alternativa. Em todo o caso, parabéns por ter encontrado um exemplar deste livro. Já vai sendo difícil :)