Laura Grimaldi | Monsieur Bovary
"E quando o pobre Charles regressava, muitas vezes por volta da meia-noite, com os ossos doridos e os olhos a fecharem-se de cansaço, obrigava-o a ouvir os versos melosos que decorava ao longo do seu dia inactivo, ou alguma arieta melancólica que cantarolava por entre suspiros. E se por acaso se apercebia do cansaço dele, a sua voz tornava-se cortante e capaz de pronunciar palavras que contradiziam brutalmente a languidez que fingia.
E assim passava de frases como: «Vem amor, que a minha alma te deseja e escrava tua serei se me quiseres...», para outras como: «Será possível que estejas sempre cansado? Pareces um rocinante estafado. Ou melhor, um macho, porque até o rocinante é um animal demasiado nobre comparado contigo."
Nota: Não ler este livro antes de ler o de Flaubert.
Comentários