Eduardo Halfon | O Anjo Literário
"Conheci Enrique Vila-Matas em Barcelona, no Saint Jordi, esse estranho e tresloucado costume catalão de livros e rosas e filas intermináveis e setenta autores a assinar no Corte Inglês. Quando nós chegamos, Vila-Matas já estava sentado debaixo do pequeno toldo, entre o caos da multidão, sério, imóvel, à espera de garatujar um enigmático desenho nos livros dos curiosos transeuntes que o reconhecessem. Aproximei-me de Vila-Matas e apresentei-me, breve mas detalhadamente, sempre colhido pelo seu grave aspecto reservado e o seu olhar intenso que, por alguma razão, me recordou o de um tigre. Meio a gaguejar, meio a gritar por cima do bulício, terminei, por fim. Ele recebeu cautelosamente o par de livros meus que eu lhe queria oferecer e ficou a olhar para mim, perplexo. Não consegui ouvir nada, disse-me, quem é você?"
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